8.11.03

Nada contra tudo


Come livro, toma chuva, respira poesia
Nada contra tudo, contra a correnteza
(Contra a burrice e contra a esperteza)
Nada contra o mundo, se ele for hipocrisia

Gasta sorriso, guarda respeito, economiza histeria
Abandona o mundo, se ele for mundano demais
Investe no caráter, eleva-te mais e mais e mais
Abandona o vil; junta tuas coisas e, o teu mundo, cria.

Monta teu mundo e vive-o intensamente
Sem ligar se a sociedade (a dita "normalidade")
Sobrevive de aparência.

Cria teu mundo e desliga-te do resto
Que não é por nada que se chama assim...
O resto.

27.10.03

Descerebrados


Egos inflados
Procuram holofotes
Não poupam esforços, nem dinheiro, nem decotes
Querem-se astros, consumidos e observados.

Descerebrados!
Não veem nada além de si (é trágico!)
Nada além do pueril, nada além do plástico
Que envolve seus espíritos, dementemente sucateados.

Quão inúteis!
Quão vãos!
Quão fúteis!

Prepotência, dedos em riste
Que trastes!...
...que triste.

30.9.03

Das minhas glórias


Entre ser e enquadrar-me
Fico com a primeira opção
Recuso-me a macaquear
O pop, o "top" e a televisão.

Recuso-me a conformar;
Recuso o fácil e o pútrido
Recuso a falta de caráter
O pão e circo pro público

Eu tenho a glória de vencer
E de perder; e de não competir
Eu tenho a glória de ser do bem

Eu tenho a glória de ser careta
De ser ridículo, de ir e vir
E, sobretudo, a glória de ser alguém.

15.8.03

Lexikós


Palavras, interjeições, pontos
Signos léxicos de toda sorte
De poesias, novelas e contos
Retratam, (in)fiéis, vida e morte

Há os pontos de interrogação
Que calam fundo, inquietantes
E seus primos, de exclamação
Que se expandem, irados, amantes!

As vírgulas, que sugerem calma
Os parênteses que aconchegam
(E chegam a levar paz à alma)

As aspas duplas, eternamente duplas:
Ora ao lado do bem, ora ao lado do mal
E, ao definir das culpas, o ponto final.

23.7.03

Carpe diem


A vida é viagem
O viver, bagagem.
Da vida
Só quero que seja vivida
Sem pressa.

Só quero que a vida
Seja vivida.
(O resto é promessa!)

Que a vida
Seja vivida, então
Com intensidade
E respeito urgente

E que a vida (minha e tua)
Seja tal como sonhamos fosse
A vida da gente
(Com sol, estrelas e lua...)

Que se viva assim...
Um eterno (e terno)
Suceder de momentos
Que passem lentos
E que eu tenha a ti
E tu, a mim

E, por mais que sem pressa,
Que a vida seja vivida
Sempre como fosse esta
E não a de amanhã.

Porque a vida
Um belo dia mira-se
E vê-se anciã.

18.4.03

O vento


Livre, livre é o vento
Que não escolhe momento!
O vento venta vida
Viaja, veleja, voa vão
Assovia sua sinfonia
Levanta saias
Germina flores
Exalta da biruta as cores
E muda de direção
Sem aviso, sem siso
Sem permissão.